"O rádio faz história." Rádio MEC AM
Rose Esquenazi
Rose Esquenazi
No dia 7/7/2014, na Rádio MEC AM, comecei a participar ao vivo no quadro "O rádio faz história", no programa "Todas as vozes", do radialista Marcos Aurélio. Às segundas, às 8h40, vou contar um pouco sobre os personagens e os fatos desse maravilhoso meio de comunicação. Para aqueles que não conseguirem acessar o programa através do link: http://radios.ebc.com.br/todas-vozes/edicao/2014-07/o-dia-em-que-noel-rosa-desapareceu-e-mulher-dele-ficou-so-na-coalhada
Noel Rosa (11/12/1910 - 4/5/1937) não
era um rapaz muito bonito, mas teve várias namoradas. Por algumas delas, como
Fina e Ceci (Juraci Correia de
Araújo), ele se apaixonou de verdade. Mas Noel veio a se casar na
Pretoria, ou na polícia, como se dizia antigamente, em 1934, quando engravidou
Lindaura, que tinha apenas 13 anos, ele,
24. Essa é uma das versões. Tem gente que diz que ela tinha 17 anos e não
engravidou coisa nenhuma. É bom lembrar
que não havia exame de DNA naquele tempo para provar quem era o pai da criança.
Noel saía com a menina, aluna de sua
mãe, Martha de Medeiros Rosa, em seu carro Chevrolet, pago em prestações e que
ele chamava de Pavão. Os dois iam passear no Alto da Boa Vista, e, numa dessas,
eles tiveram um caso em um hotel na Rua Senador Euzébio, na Cidade Nova, no Rio.
Lindaura teria engravidado e a mãe, Olindinha Pereira da Motta, exigiu
reparação e forçou o casamento. Noel disse que iria pra cadeia, mas não se
casaria. “Prefiro morrer a engolir este casamento!”, teria dito aos amigos. Chegou
a alegar que não tinha sido o primeiro namorado de Lindaura.
O
caso saiu em um jornaleco chamado “Avante!”, simpatizante do nazismo, que estampou
na primeira página do dia 29 de novembro de 1933, uma ilustração de Nacim Adese,
que mostrava a fofoca capturada na 14ª Delegacia. Noel aparecia ao volante de
seu carro e, no alto, a imagem fantasmagórica de Lindaura e o perfil da fábrica
de tecidos. O título da reportagem era o seguinte: “A indiscrição da página 95.
É pelo livro de partes da delegacia que se conhece uma diabrura amorosa do
sambista Noel Rosa”. Dentro, a reportagem o acusava de rapto de menor.
No programa “O assunto é Noel”, que
ganhou um CD da Rádio MEC, em 2006, e está disponível na internet, Lindaura
conta outros detalhes interessantes sobre a relação do casal. A versão de
Lindaura não incluiu os detalhes mais penosos da relação entre os dois. Mas
todo o mundo sabia que o compositor continuou se encontrando com Ceci e deixava
Lindaura esperando em casa e até mesmo nos restaurantes e leiterias. A própria viúva
contou, anos depois, para o radialista Paulo Tapajós, como era ficar esperando
horas pelo Noel que se esquecia de deixar o dinheiro do bonde. Ao garçom, o
compositor instruía: ofereça coalhadas, mingau, arroz –doce, o que ela quiser.
A foto do casamento de Noel e Lindaura e
toda essa história fez parte do livro Noel
Rosa, biografia de João Máximo e Carlos Didier, lançada em 1990.
Recentemente as filhas de Hélio, irmão de Noel Rosa, afirmaram que são herdeiras
de toda a obra do compositor e que Noel nunca se casou de verdade. Isso bastou
para que saísse dos planos da editora a reedição do livro, aumentando a
polêmica sobre quem tem direito sobre a vida de um artista. Cinco anos antes de
sua morte, Noel teria dito:
“Não tenho herdeiros, não possuo um só
vintém! Eu vivi devendo a todos, mas não paguei ninguém.”
Noel Rosa teve seu primeiro sucesso
individual com a música “Com que roupa?”, que lançou em 1932. Começou a ganhar
dinheiro e a ficar conhecido, bem mais do que no tempo em que fazia parte do
Bando dos Tangarás. No mesmo ano de 1932, ele foi convidado para participar do “Programa
Casé”, na Rádio Philips, ao lado de seu amigo Almirante, pseudônimo de Henrique
Foreis Domingues. Lá, o dono do programa, Adhemar Casé, adorava ouvir Noel
cantar as novas músicas, consertar o português de outros compositores e criar
jingles ao vivo ao microfone, ao lado da cantora Marília Batista. O rádio no Brasil
que teve a sua primeira estação inaugurada em 1923 - a Rádio Sociedade - só
passou a ter o direito de incluir anúncios comerciais através de um decreto.
O problema é que Noel passava as noites
em claro, bebendo, e, muitas vezes, faltava o programa ou chegava atrasado. Adhemar
disse que iria demiti-lo várias vezes, mas, a sua presença era tão importante,
que ele se esquecia das ameaças. Certa vez, Adhemar disse que um empresário gostaria
de conhecê-lo pessoalmente e, se ele faltasse ou chegasse atrasado, seria
demitido.
No dia marcado, Noel não estava na
reunião, o que irritou muito Adhemar Casé. Mas eis que, no meio da reunião, um
vulto se levantou atrás do piano. Era o próprio Noel que teve tanto medo de
chegar atrasado que dormiu atrás do piano!
O casamento de Noel e Lindaura se deu
três antes da morte de Noel, que sofria de tuberculose. Talvez as sobrinhas não
tenham encontrado certidão oficial, feita em cartório. Talvez o papel nem exista. Mas a reparação
pedida pela mãe da moça foi feita.
Noel era um gênio
ResponderExcluirSENSACIONAL
Um Ser Humano sem igual! !!!!!!!!!!
Quisera ter o conhecido, oh que maravilhoso encontro seria!!!
AVE !!! NOËL ONDE SE ENCONTRE.... MEU ÍDOLO
...MARAVILHOSOOOOOOO!!!! SALVE,NOEL!! TE AMO, QUEIXINHO.
ResponderExcluirFaz pouco tempo que Venho estudando Noel. Também gostaria de tê-lo conhecido e aprendido muita coisa com ele.
ResponderExcluirLamentavel o embargo da publicao da biografia. A certidao de casamento existe: https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:QGJB-4Z2J
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