NADA ALÉM DE DOIS MINUTOS
Nos anos 30, o rádio ainda era um
mundo a ser desvendado. Despertava a curiosidade de todos os que achavam que lá
era um lugar mágico de onde saíam as “ misteriosas” ondas sonoras. O rádio
sempre foi um mundo fascinante, atraindo muitos profissionais para seus
estúdios. Um desses casos curiosos foi o médico Paulo Roberto, gênio que deixou
muitas marcas em programas criativos, principalmente na Rádio
Nacional. Ele nunca deixou a medicina, era obstetra e orientador de
jovens médicos. Costumava dizer que era o rádio que sustentava a carreira na
medicina.
O nome verdadeiro de Paulo Roberto
era José Marques Gomes, nascido na cidade de Dom Silvério, antiga Saúde, em
Minas Gerais, em 10 de setembro de 1903. (Morreu em 13/12/1973, de
infarto) Segundo sua filha, a harpista Maria Célia Machado, Paulo
Roberto iniciou sua carreira no Programa
Casé, na Rádio Phillips, nos anos 30. Ele tinha uma voz interessante e simpática,
segundo ela, “era agradável e natural e apresentava textos inteligentes em
linguagem coloquial, inovadora para a época”. Antes disso, os locutores eram
muito formais.
Ele trabalhou também nas Rádios
Cruzeiro do Sul, onde foi diretor artístico e Rádio Tupi.
Dotado de grande criatividade, suas
produções tinham o ser humano como foco, mas sempre se preocupava com a
qualidade dos programas. Um dos mais criativos foi o Nada além de dois minutos. O radialista falava sobre diversos
assuntos, mas em 120 segundos apenas. Patrocinado pelo Sabonete Gessy, o
programa estreou em 1947, e ia ao ar aos domingos, às 20h, horário nobre da
Nacional. Paulo Roberto tanto podia contar uma piada como uma história, dar uma
estatística ou revelar uma curiosidade. Ele tinha um grande parceiro: o
apresentador Reinaldo Costa. Os diálogos cômicos contavam com os radioatores da
estação. Ele pedia na chamada do programa para que o público conferisse os dois
minutos. Era quase um twit, que nós conhecemos hoje: uma informação rápida.
Nada além de dois
minutos durava meia-hora e fazia sucesso na grade da Nacional. Entrava próximo às
apresentações das rainhas do rádio da época: Marlene e Emilinha.
Mas
Paulo Roberto fez muito mais no rádio.
Ainda na época da guerra, Paulo Roberto decidiu defender os países que
estavam dominados pelos nazistas lançando Bandeiras
da Liberdade. Quando a guerra acabou, o radialista recebeu medalhas e
diplomas dos reis da Bélgica, Dinamarca e Suécia, em reconhecimento a sua força
e ajuda aos países dominados.
Outro programa interessante criado e
transmitido por Paulo Roberto foi Obrigado,
Doutor. O formato era de um rádio-teatro semanal, sendo que o herói era um
médico. Podiam ser narrativas trágicas ou divertidas, reais ou imaginárias, num
total de 314 programas. Em 1981, a TV Globo lançou a série com o mesmo nome e
que tinha como protagonista o ator Francisco Cuoco.
Em Honra ao Mérito, ele fazia biografias dramatizadas de benfeitores e
heróis. As obras dessas pessoas recebiam diplomas e medalhas de
Ouro. Ainda segundo a sua filha, “uma série de gravações de discos
infantis” apresentaram outra face do talento de Paulo Roberto, a interpretação de personagens. O auge de sua
atuação foi no conto Pedro e o Lobo,
de Prokofieff, sob direção musical de Radamés Gnatalli. Essa peça musical tinha como objetivo levar as
diferentes sonoridades às crianças. Cada instrumento representava um personagem
da história.
Todas as manhãs, durante
muito tempo, Paulo Roberto lia as crônicas que escrevia para a
Rádio Nacional: era o Vamos
Viver a Vida. Nos textos, Paulo
Roberto defendia posições pioneiras em relação aos “problemas ambientais, educacionais
e sociais”. Era um homem com uma visão muito ampla de todas as coisas.
No programa Gente que Brilha, Paulo Roberto apresentava os talentos brasileiros
já consagrados, mas também os iniciantes. Em 1957, ganhou o prêmio da
Secretaria do Eestado da Guanabara por ser o Melhor Produtor daquele
ano. Ninguém entendeu nada quando ele foi levado a um distrito
policial e depois demitido durante o AI-1, no ano do Golpe Militar, em 1964. Os
amigos não viam Paulo Roberto como um quadro político. Mário Lago,
que também trabalhava na Rádio Nacional, que era comunista assumido, escreveu
que o amigo não participava de campanhas sindicais. Ele escreveu certa vez: “Não
se sabia de ninguém que não gostasse dele. Acreditava-se socialista, mas aos
princípios teóricos preferia os ensinamentos de Cristo, que acreditava acima de
qualquer coisa”.
Era uma pessoa admirada e querida por
todos. Honesto, teve uma carreira exemplar, todos diziam. O fundador da Rádio
Sociedade e depois Rádio MEC, Roquette-Pinto, deu-lhe a Medalha de
Honra ao Mérito.
Segundo o blog de Roberto Salvador,
autor do livro A Era do Radioteatro,
Paulo Roberto largou tudo o que estava fazendo quando soube que o colega Carlos
Frias, radialista como ele, havia se acidentado na estrada Rio-Petrópolis. Ao
chegar ao hospital, fez um escândalo porque os médicos não queriam salvar a
língua de Carlos Frias, que ficou muito machucada. Depois do discurso insistindo
para que os médicos suturassem a língua do colega. Foi assim que Carlos Frias pôde
continuar trabalhando na Rádio Tupi. Graças ao doutor-radialista, uma grande
figura que também foi o responsável por muitos programas do Projeto Minerva, já nos anos 60.
"OBRIGADO DOUTO " programa que ouvia na rádio Nacional, na minha cidade , Valença rj, do doutor e radialista Paulo Rberto e aitor de NADA ALÉM DE 2 MINUTOS, CINE METRO ME MEIO E OUTROS PROGRAMAS QUE DEIXARA MUITA SAUDADE,
ResponderExcluirÉ engraçado, aos longos dos meus 64 anos ,só agora lí essa biografia , do dr Paulo Roberto, por curiosidade mesmo , meu nome é Paulo Roberto, e meu pai era ouvinte desse programa da rádio Tupi, e me deu esse nome qdo nasci, isso 1954 em homenagem a esse sr. Md. Radialista, o seu sonho fui saber muito tempo depois ,era q me tornasse dr.Paulo Roberto mas... Não foi, virei administrador, comerciante, empresario, corretor, perdi meu pai ainda novo, 51 anos. Mas o q ele me deixou posso dizer foram muitas coisas, o amor pelo rádio,pela música q ainda hj ouço e por tudo aquilo q pode me ensinar, hoje faço tudo q posso pela família os filhos , mas jamais perdi essa origem do radio ,da música ouço tudo graças a tecnologia , e mais ,o q sempre me facinou foi o seu legado q poder servir e fazer a quem quer q seja o q vc puder ,o dr Paulo Robertocom certeza tem parte nisso.absss a todos os ouvintes dos 1.040 da sua super rádio Tupi.saudade....
ResponderExcluirEsqueci de dizer sou de Araçatuba sp
ResponderExcluirO Dr. Paulo Roberto era ginecologista?
ResponderExcluirObstetra.
ExcluirNarrativa de acirugia de coração feita em bento Gonçalves pelo Dr. Walter GALSSSI
ResponderExcluirPrograma obrigado Dr. De Paulo Roberto só te cirurgia de. Corac
ExcluirAo realizada pelo médico Walter GALSSSI em bento goncalv
Década de 1950
Fiquei feliz em saber que a pessoa responsável por me chamar também Paulo Roberto, foi este ser altruísta e inteligente.
ResponderExcluirObrigado "Paulo Roberto" por ter inspirado os meus falecidos pais a me registrarem com o seu pseudônimo em sua homenagem (me disseram isto muitas vezes). Hoje sou poeta tenho livros publicados e acredito que sua energia positiva tenha me inspirado pelo caminho dos versos.
Tuda a Luz do Altíssimo sobre você!
Paulo Roberto Cunha
ResponderExcluirMeu nome é Paulo Roberto Cunha,fiquei feliz em saber que a pessoa responsável por me chamar também Paulo Roberto, foi este ser altruísta e inteligente.
ResponderExcluirObrigado "Paulo Roberto" por ter inspirado os meus falecidos pais a me registrarem com o seu pseudônimo em sua homenagem (me disseram isto muitas vezes). Hoje sou poeta tenho livros publicados e acredito que sua energia positiva tenha me inspirado pelo caminho dos versos.
Tuda a Luz do Altíssimo sobre você!