Rose Esquenazi
Existem radialistas fabulosos, contemporâneos ao Haroldo e responsáveis pelo deslumbramento que o rádio proporcionou ao público na Época Dourada, anos 40 e 50. Paulo Tapajós dedicou toda a sua vida ao rádio e à música, e precisa ser lembrado. Se estivesse vivo, faria 101 anos de idade. Ele foi cantor, compositor, radialista, pesquisador e divulgador da música popular brasileira.
Paulo nasceu e morreu no Rio de Janeiro, em 1990, aos 77 anos.
Ele era filho de Manoel Tapajós Gomes, jornalista, escritor e poeta. Muito jovem, começou a estudar violão e piano, com maestro Lorenzo Fernandes. Tinha uma voz doce e maravilhosa. Paulo formou com os irmãos mais novos, Oswaldo e Haroldo, o Trio Tapajós. Com a saída de Oswaldo, os outros dois formaram uma dupla. Paulo tinha 15 anos e Haroldo, 13. A partir de 1927, eles fizeram muito sucesso na Rádio Sociedade (em 1936, a estação se tornaria a Rádio MEC).
Ele era filho de Manoel Tapajós Gomes, jornalista, escritor e poeta. Muito jovem, começou a estudar violão e piano, com maestro Lorenzo Fernandes. Tinha uma voz doce e maravilhosa. Paulo formou com os irmãos mais novos, Oswaldo e Haroldo, o Trio Tapajós. Com a saída de Oswaldo, os outros dois formaram uma dupla. Paulo tinha 15 anos e Haroldo, 13. A partir de 1927, eles fizeram muito sucesso na Rádio Sociedade (em 1936, a estação se tornaria a Rádio MEC).
Em 1932, Paulo estudou desenho na Escola de Belas Artes e trabalhou na Cia Siderúrgica Nacional e no Departamento de Aeronáutica. Interpretou músicas como Loura ou morena, de seu irmão Haroldo e que teve a primeira letra escrita por Vinícius de Moraes. Vamos ouvir um trecho?
Em 1942, a dupla Tapajós acabou e Paulo começou na carreira solo. Ele criou e dirigiu a Turma do Sereno, conjunto brasileiro de serenata formado por Abel Ferreira (clarinete), João de Deus (flauta), Irani Pinto (violino), Sandoval Dias (clarone), Rubem Bergman (violão), Carlos Lentini (violão) e Waldemar de Melo (cavaquinho).
Trabalhou na Rádio Nacional mais de uma vez até 1974. Ao lado de José Mauro e Haroldo Barbosa, produziu em Um milhão de melodias e Quando os maestros se encontram. Produziu também os programas "Turma do sereno", "O assunto é música", "A pausa que refresca" e "Quando canta o Brasil".
De 1946 a 1958, trabalhou para a Rádio Tupi, como artista e diretor artístico.
Tapajós participou de muitas dublagens de desenhos animados de Walt Disney. Uma delas marcou a nossa infância, que foi Grilo Falante (When you wish upon a star), do filme Pinóquio. No original, foi cantada por Cliff Edwards, em 1940. Até hoje eu me emociono com essa canção. Vamos ouvir? https://www.youtube.com/watch?v=Jrj44R1878I
Ele também interpretou a canção-tema de Alice no país das maravilhas e Branca de Neve e os sete anões. Nos anos 50, Paulo Tapajós deixou a sua grande marca de qualidade, profissionalismo e doçura nas cantigas de roda e histórias infantis. Ele criou os arranjos, fez a produção e a regência da série de discos o selo Carrousell. Todas as crianças sabiam de cor as músicas do folclore, como Ciranda cirandinha/Meu limão, meu limoeiro, Teresinha de Jesus/Capelinha de melão, Onde está a margarida?/Nesta rua tem um bosque, O cravo brigou com a rosa/Eu fui no tororó, Pirulito que bate bate/Atirei um pau no gato etc.
Em 1958, ele passou a ter outra atividade, passou a organizar e dirigir Festivais de Música Popular Brasileira, com artistas e orquestra da Rádio Nacional, dirigida pelo maestro Radamés Gnattali. Foram grandes concertos realizados no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.
Como sempre se dedicou ao estudo e pesquisa da música popular brasileira, foi convidado para fazer parte do Conselho de Música Popular, do Conselho de Rádio do Museu da Imagem e do Som e da Associação Brasileira de Propaganda. Foi sócio fundador e secretário geral da Academia Brasileira de Música Popular.
Tal como outro pioneiro, o Almirante (Henrique Foréis Domingues), ele reuniu um acervo de documentos, partituras, discos, livros, revistas, recortes, impressos e alguns manuscritos originais, em viagens realizadas por todo o Brasil . Era tudo sobre a música brasileira. Esse vasto material até hoje é consultado por pesquisadores.
Em vida, Paulo Tapajós recebeu muitas homenagens e premiações. Entre elas, a Medalha de Prata do Centro Brasileiro de Rádio Educativo por ter trabalhado durante 55 anos de Rádio sem interrupção no microfone. Recebeu também a Placa de Prata pelos 62 anos de trabalho pela preservação e divulgação da Música Popular Brasileira. Paulo produziu, em 1986, um LP gravado pelos seresteiros da cidade de Conservatória. Dois anos depois, a Collector's Editora Ltda. lançou o LP Paulo Tapajós, vol. XV da série Os ídolos do rádio, contendo uma coletânea de suas gravações. No disco, o cantor interpreta seis músicas acompanhado por Pixinguinha e o Regional de Benedito Lacerda e outras seis com a Orquestra da Rádio Nacional ou a Turma do Sereno.
Em 1973, voltou à Rádio Ministério da Educação e Cultura, tendo sido responsável pela produção dos programas Histórias de engambelar, Coisas da província, MPB ao cair da tarde, Antologia do choro e O assunto é Noel, além do programa O nosso domingo musical, do Projeto Minerva, que permaneceu no ar até sua morte, em 1990.
Ele foi pai da cantora Dorinha, que fez parte do Quarteto em Cy, e dos grandes compositores Paulinho e Maurício Tapajós, que herdaram o talento do pai.
Olá. Você poderia me informar a ancestralidade de sua família? Era indígena? Viera do Norte? Poderia me indicar um livro sobre a vida e a obra dele?
ResponderExcluir