Nora Ney –
Rock around tonight https://www.youtube.com/watch?v=5GnaU2m3-OQ
Antenado com as novidades mundiais,
César de Alencar - apresentador do programa mais popular nos anos 50, na Rádio
Nacional, - ouviu dizer que uma música estava em primeiro lugar nas paradas de
sucesso nas rádios americanas. Era o Rock
around the clock. Gravada em 1954, só ficou conhecida no ano seguinte, quando
entrou para a trilha sonora do filme Sementes
da violência (Blackboard jungle), interpretada pelo conjunto Bill Haley
& seus cometas. Os sons provocaram tal frisson na plateia de jovens que
eles começaram a quebrar tudo o que viam dentro da sala de cinema: cadeiras,
tela... O tal comportamento maluco se repetiu em vários
cinemas nos Estados Unidos.
O filme Sementes da violência, com Glenn Ford, contava a história de um
professor que ia dar aula em uma escola e viu que era dominada pela violência. Estava
crescendo a geração chamada de rebeldes sem causa. A guerra havia acabado, os
jovens americanos tinham trabalho, conforto, mas eles não queriam ser como os pais.
Desejavam mudanças de comportamento, mais liberdade, cabelos compridos, roupas
descontraídas e música frenética. No Brasil, esse grupo inspirou, mais tarde, a
Juventude Transviada .
Antes de o filme Sementes da violência chegar no Brasil, e que acabou também gerando
quebra-quebra nos cinemas, César de Alencar pediu que a cantora Nora Ney
fizesse um cover da música. Ou seja,
cantasse igualzinho ao original do conjunto Bill Halley. Cantora da noite, ela não tinha nada a ver com
aquele estilo, mas sabia falar inglês. Aprendeu a música, ensaiou com uma
pequena orquestra e, detalhe, ainda não tinham chegado por aqui guitarras elétricas,
já comuns nos Estados Unidos. Em 1955, ela cantou ao vivo no Programa César de Alencar e foi uma
loucura! O público enlouqueceu só de
ouvir aquela música no rádio. Os telefones na Rádio Nacional não pararam de
tocar. Todos queriam saber onde poderiam comprar o disco.
Na época, os discos demoravam muito
para chegar ao país. Por isso, os cantores brasileiros gravavam ou apresentavam
ao vivo os tais covers. A música que
acabamos de escutar de Nora Ney foi um cover
que ela gravou em 1955, de 78 RPM. Apesar do sucesso inesperado, Nora Ney
não quis continuar no gênero rock e voltou para os sambas-canções de Dorival
Caymmi e Ary Barroso, que costumava interpretar nas pequenas boates de
Copacabana.
Nascia o rock no Brasil. Nas rádios
brasileiras, aparecia uma nova geração de cantores que se apaixonou pelo estilo
rebelde de tocar e cantar música.
O governador de São Paulo, Jânio
Quadros, determinou que o filme Sementes
da violência- quando chegou aqui, em 1955 - fosse proibido para
menores de 18 anos. E o juiz de menores concordou porque, segundo suas
palavras, “o novo ritmo é excitante, frenético, alucinante e mesmo provocante,
de estranha sensação de trejeitos exagerados e imorais”.
Na Bahia, Caetano Veloso contou que
teve medo de assistir ao filme Sementes
da violência porque achava que podia ser possuído por alguma força
irracional. Depois, disse ele, descobriu que “estava diante de uma chanchada
igual àquelas que o cinema nacional produzia na época”. Outro filme do gênero,
o Rock around the clock, 1956, aqui
chamado de Ao balanço das horas, deu
continuidade a essa febre de rock n’ roll.
No Brasil, o rádio seria o primeiro
meio de comunicação a estimular a onda musical. Waldir Pinotti estreou A Hora
da Broadway, diariamente, das 17h às 18h, na Rádio Metropolitana. Waldir
tinha um conhecido na embaixada americana que lhe fornecia um audiotape do
programa You Make Believe Ballroom,
com os 50 primeiros lugares da parada de sucessos, a Cash Box. Segundo Albert
Pavão, no livro Rock brasileiro 1955-1965
(Edicon, 1989), “Waldir tirava a voz do locutor em inglês e anunciava os
sucessos de Chuck Berry, Carl Perkins, Fats Domino e The Platters”.
Erasmo Carlos e muitos outros jovens
enlouqueceram ao ouvir o ritmo novo e descobriram que havia muita gente fazendo
rock n’ roll, além de Bill Halley. Antes
de conhecer Erasmo, Roberto Carlos, aos 16 anos, foi convidado para fazer uma
participação no programa Clube do Rock
na TV Tupi. Lá, ele cantou Jailhouse rock,
de Elvis Presley. Não existe gravação,
pelo que sei, dessa gravação de Roberto Carlos. Vamos ouvir um pedaço do
original: (https://www.youtube.com/watch?v=gj0Rz-uP4Mk). (opcional)
Mas é engraçado saber que o Rei
imitou Elvis um dia na vida.
Voltando ao Rádio, outro jovem amante
do rock Carlos Imperial criou na Rádio Guanabara um programa dedicado ao gênero:
Os brotos comandam. Foi Imperial quem também fazia o programa na TV
Tupi e que levou Roberto Carlos a gravar o primeiro disco, com a música João e Maria. Nada a ver com rock e sim com a Bossa Nova,
que também estava surgindo.
A mania foi se espalhando, Jair de
Taumaturgo, considerado um coroa, chamou Isaac Zeltman para apresentar o
programa Alô, brotos,em 1961, que se
tornou o maior sucesso na cidade. Os jovens cantores iam ao programa, se
fantasiavam como os artistas estrangeiros ou criavam personagens diferentes para
se mostrar para a plateia do pequeno auditório do rádio.
A cantora Sonia Delfino começou a
fazer sucesso no Rio reagindo ao grande nome do rock que apareceu pouco antes e
que vinha de São Paulo, Cely Campelo. Ela gravou Estúpido Cupido, versão de Stupid
Cupid, em 1959. Ela apareceu no
cenário musical junto com o irmão Tony Campelo, mas acabou largando a música
para se casar!
Até o palhaço Carequinha teve um
programa na Rádio Carioca, das 10h da manhã até as 21h30, que só tocava rock. O
próprio Carequinha chegou a interpretar rock n’ roll, o Rock do Ratinho e o Rock da
Alegria, por exemplo.
https://www.youtube.com/watch?v=Lqe0Tyjns9U Rock do Ratinho, de 1961.
Na Rádio Globo, Chacrinha passou a apresentar
A
parada é do Rock. Luiz de Carvalho era o dono do programa a Revista do Rock no ar. Surgiram várias revistas de papel também dedicadas ao gênero, como a Revista do Rock e Baby Face.
A sociedade estava dividida: havia pais
conservadores que achavam que os filhos se perderiam para sempre ao ouvir o
rock; outros aceitaram melhor. Na Revista
do Rádio, do começo dos anos 50, até D. Helder Câmara, bispo-auxiliar do
Rio de Janeiro, deu a sua opinião sobre a grande polêmica: “Nessa época em que
tudo é a jato, temos que seguir o seu caminho. Não vejo maldade no rock, quando
colocado em terreno puro”.
Já era tempo dos Beatles, que explodiram
em 1962. Três anos mais tarde, e começa a era da Jovem Guarda, que ganhou um
programa especial na TV Record, em São Paulo. O rei se tornou Roberto Carlos, que comandava
a turma dos roqueiros e brotinhos brasileiros.
Para acabar essa participação, queria
mostrar que o cantor Agostinho dos Santos (mais tarde, um cantor romântico),
entrou nessa onda do rock, ao gravar Até
logo, jacaré, uma versão muito engraçada e ridícula de See you later, aligator, também de Bill Haley & seus cometas. (
Faixa 2, do CD.) Ridículo porque a versão não faz jus à expressão em inglês que
rima bem: “See you later, aligátor, in
while, crocodile”.
Faltou o programa Hoje é dia de rock ,no rádio e na televisão.Isaac Zaltiman e Jair de Taumaturgo.Até o Caubi lançou rock
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