domingo, 19 de outubro de 2014

O gênio do médico Paulo Roberto: um criativo radialista

"O rádio faz história." - Rádio MEC AM

Rose Esquenazi

Paulo Roberto, paixão pelo rádio




NADA ALÉM DE DOIS MINUTOS


  
Nos anos 30, o rádio ainda era um mundo a ser desvendado. Despertava a curiosidade de todos os que achavam que lá era um lugar mágico de onde saíam as “ misteriosas” ondas sonoras. O rádio sempre foi um mundo fascinante, atraindo muitos profissionais para seus estúdios. Um desses casos curiosos foi o médico Paulo Roberto, gênio que deixou muitas marcas em programas criativos, principalmente na Rádio Nacional.  Ele nunca deixou a medicina, era obstetra e orientador de jovens médicos. Costumava dizer que era o rádio que sustentava a carreira na medicina.
O nome verdadeiro de Paulo Roberto era José Marques Gomes, nascido na cidade de Dom Silvério, antiga Saúde, em Minas Gerais, em 10 de setembro de 1903. (Morreu em 13/12/1973, de infarto) Segundo sua filha, a harpista Maria Célia Machado, Paulo Roberto iniciou sua carreira no Programa Casé, na Rádio Phillips, nos anos 30. Ele tinha uma voz interessante e simpática, segundo ela, “era agradável e natural e apresentava textos inteligentes em linguagem coloquial, inovadora para a época”. Antes disso, os locutores eram muito formais.

Ele trabalhou também nas Rádios Cruzeiro do Sul, onde foi diretor artístico e Rádio Tupi.

Dotado de grande criatividade, suas produções tinham o ser humano como foco, mas sempre se preocupava com a qualidade dos programas. Um dos mais criativos foi o Nada além de dois minutos. O radialista falava sobre diversos assuntos, mas em 120 segundos apenas. Patrocinado pelo Sabonete Gessy, o programa estreou em 1947, e ia ao ar aos domingos, às 20h, horário nobre da Nacional. Paulo Roberto tanto podia contar uma piada como uma história, dar uma estatística ou revelar uma curiosidade. Ele tinha um grande parceiro: o apresentador Reinaldo Costa. Os diálogos cômicos contavam com os radioatores da estação. Ele pedia na chamada do programa para que o público conferisse os dois minutos. Era quase um twit, que nós conhecemos hoje: uma informação rápida.

Nada além de dois minutos durava meia-hora e fazia sucesso na grade da Nacional. Entrava próximo às apresentações das rainhas do rádio da época: Marlene e Emilinha.

Mas  Paulo Roberto fez muito mais no rádio.  Ainda na época da guerra, Paulo Roberto decidiu defender os países que estavam dominados pelos nazistas lançando Bandeiras da Liberdade. Quando a guerra acabou, o radialista recebeu medalhas e diplomas dos reis da Bélgica, Dinamarca e Suécia, em reconhecimento a sua força e ajuda aos países dominados.

Outro programa interessante criado e transmitido por Paulo Roberto foi Obrigado, Doutor. O formato era de um rádio-teatro semanal, sendo que o herói era um médico. Podiam ser narrativas trágicas ou divertidas, reais ou imaginárias, num total de 314 programas. Em 1981, a TV Globo lançou a série com o mesmo nome e que tinha como protagonista o ator Francisco Cuoco.

Em Honra ao Mérito, ele fazia biografias dramatizadas de benfeitores e heróis. As obras dessas pessoas recebiam diplomas e medalhas de Ouro. Ainda segundo a sua filha, “uma série de gravações de discos infantis” apresentaram outra face do talento de Paulo Roberto,  a interpretação de personagens. O auge de sua atuação foi no conto Pedro e o Lobo, de Prokofieff, sob direção musical de Radamés Gnatalli.  Essa peça musical tinha como objetivo levar as diferentes sonoridades às crianças. Cada instrumento representava um personagem da história.

 Todas as manhãs,  durante muito tempo, Paulo Roberto lia as crônicas que escrevia para a Rádio  Nacional: era o Vamos Viver a Vida. Nos textos, Paulo Roberto defendia posições pioneiras em relação aos “problemas ambientais, educacionais e sociais”. Era um homem com uma visão muito ampla de todas as coisas.

No programa Gente que Brilha, Paulo Roberto apresentava os talentos brasileiros já consagrados, mas também os iniciantes. Em 1957, ganhou o prêmio da Secretaria do Eestado da Guanabara por ser o Melhor Produtor daquele ano.  Ninguém entendeu nada quando ele foi levado a um distrito policial e depois demitido durante o AI-1, no ano do Golpe Militar, em 1964. Os amigos não viam Paulo Roberto como  um quadro político. Mário Lago, que também trabalhava na Rádio Nacional, que era comunista assumido, escreveu que o amigo não participava de campanhas sindicais. Ele escreveu certa vez: “Não se sabia de ninguém que não gostasse dele. Acreditava-se socialista, mas aos princípios teóricos preferia os ensinamentos de Cristo, que acreditava acima de qualquer coisa”.
                                                 
Era uma pessoa admirada e querida por todos. Honesto, teve uma carreira exemplar, todos diziam. O fundador da Rádio Sociedade  e depois Rádio MEC, Roquette-Pinto, deu-lhe a Medalha de Honra ao Mérito.

Segundo o blog de Roberto Salvador, autor do livro A Era do Radioteatro, Paulo Roberto largou tudo o que estava fazendo quando soube que o colega Carlos Frias, radialista como ele, havia se acidentado na estrada Rio-Petrópolis. Ao chegar ao hospital, fez um escândalo porque os médicos não queriam salvar a língua de Carlos Frias, que ficou muito machucada. Depois do discurso insistindo para que os médicos suturassem a língua  do colega. Foi assim que Carlos Frias pôde continuar trabalhando na Rádio Tupi. Graças ao doutor-radialista, uma grande figura que também foi o responsável por muitos programas do Projeto Minerva, já nos anos 60.



10 comentários:

  1. "OBRIGADO DOUTO " programa que ouvia na rádio Nacional, na minha cidade , Valença rj, do doutor e radialista Paulo Rberto e aitor de NADA ALÉM DE 2 MINUTOS, CINE METRO ME MEIO E OUTROS PROGRAMAS QUE DEIXARA MUITA SAUDADE,

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  2. É engraçado, aos longos dos meus 64 anos ,só agora lí essa biografia , do dr Paulo Roberto, por curiosidade mesmo , meu nome é Paulo Roberto, e meu pai era ouvinte desse programa da rádio Tupi, e me deu esse nome qdo nasci, isso 1954 em homenagem a esse sr. Md. Radialista, o seu sonho fui saber muito tempo depois ,era q me tornasse dr.Paulo Roberto mas... Não foi, virei administrador, comerciante, empresario, corretor, perdi meu pai ainda novo, 51 anos. Mas o q ele me deixou posso dizer foram muitas coisas, o amor pelo rádio,pela música q ainda hj ouço e por tudo aquilo q pode me ensinar, hoje faço tudo q posso pela família os filhos , mas jamais perdi essa origem do radio ,da música ouço tudo graças a tecnologia , e mais ,o q sempre me facinou foi o seu legado q poder servir e fazer a quem quer q seja o q vc puder ,o dr Paulo Robertocom certeza tem parte nisso.absss a todos os ouvintes dos 1.040 da sua super rádio Tupi.saudade....


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  3. Esqueci de dizer sou de Araçatuba sp

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  4. O Dr. Paulo Roberto era ginecologista?

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  5. Narrativa de acirugia de coração feita em bento Gonçalves pelo Dr. Walter GALSSSI

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    1. Programa obrigado Dr. De Paulo Roberto só te cirurgia de. Corac
      Ao realizada pelo médico Walter GALSSSI em bento goncalv
      Década de 1950





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  6. Fiquei feliz em saber que a pessoa responsável por me chamar também Paulo Roberto, foi este ser altruísta e inteligente.
    Obrigado "Paulo Roberto" por ter inspirado os meus falecidos pais a me registrarem com o seu pseudônimo em sua homenagem (me disseram isto muitas vezes). Hoje sou poeta tenho livros publicados e acredito que sua energia positiva tenha me inspirado pelo caminho dos versos.
    Tuda a Luz do Altíssimo sobre você!

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  7. Meu nome é Paulo Roberto Cunha,fiquei feliz em saber que a pessoa responsável por me chamar também Paulo Roberto, foi este ser altruísta e inteligente.
    Obrigado "Paulo Roberto" por ter inspirado os meus falecidos pais a me registrarem com o seu pseudônimo em sua homenagem (me disseram isto muitas vezes). Hoje sou poeta tenho livros publicados e acredito que sua energia positiva tenha me inspirado pelo caminho dos versos.
    Tuda a Luz do Altíssimo sobre você!

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