domingo, 19 de outubro de 2014

O rádio faz História Paulo Gracindo e Angela Maria

Paulo Gracindo, sucesso no rádio e na TV
Angela Maria e a descoberta de Paulo Gracindo


 Paulo Gracindo nasceu em 16/7/1911, no Rio, mas foi bebê para Alagoas. Ele tinha um nome estranho, chamava-se Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo.  Ele mesmo contou certa vez que ninguém acertava o seu nome original.  “Uns me chamavam de Petrópolis, outros de Pelopes. A empregada me chamava de Envelope”. Resolveu inventar outro nome: Paulo Gracindo.
Ele queria ser ator, mas o pai dele, um senador, não queria de jeito nenhum. Por essa razão, teve que esperar o pai morrer, sair de Maceió para vir tentar a vida no Rio de Janeiro. Chegou aos 20 anos, chegou a passar fome e a dormir na rua. Durante os anos 30 e 40 dedicou-se ao teatro, participando de grandes companhias. Mas foi no rádio e, mais tarde, na TV, que seu grande talento apareceu em grande estilo.
 Paulo interpretou vários papeis como radioator.  Ele contou que começou de baixo no Grande Teatro Tupi. Depois, quando Ary Barroso, que apresentava o programa Calouros em Desfile, na Tupi, ficava doente, ele  começou a substitui-lo. Como se saiu muito bem, recebeu o convite para mudar de estação: passou a apresentar o Programa Paulo Gracindo, na Rádio Nacional.

Paulo Gracindo recebia artistas, apresentava quadros, promovia brincadeiras  e participava da seleção de calouros. Foi o responsável pelo lançamento de vários novos artistas, entre eles, Angela Maria.
No depoimento que deu a história do rádio, Paulo Gracindo contou que, certa vez,  uma mocinha de dentes cariados e vestido muito pobre veio ao programa como caloura. Quando ela começou a cantar, todos ficaram perplexos, inclusive o apresentador. Angela tinha uma voz maravilhosa. No final de sua apresentação, ela pediu, discretamente, o dinheiro da passagem para voltar para a casa.
Angela Maria na verdade era Abelim Maria da Cunha (Conceição de Macabu, 13 de maio de 1929), filha de um pastor evangélico e cantora nos cultos da igreja.  Ela sonhava em trabalhar em uma estação de rádio, algo quase impossível porque os pais jamais a permitiriam que ela frequentasse um ambiente tão insalubre. Nos anos 40, as emissoras de rádio eram consideradas lugares perigosos para as mocinhas.
Angela costumava ser demitida das fábricas onde trabalhava para ajudar a família. Na fábrica de lâmpadas e, depois na fábrica de tecidos no Estado do Rio, os gerentes descobriram que a produtividade caía quando Angela Maria começava a cantar no meio do expediente. Todo o mundo parava o que estava fazendo para escutá-la. O que acontecia, então? O gerente a chamava no escritório e a demitia! O lugar de Angela não era ali, mas em uma estação de rádio.  
Em o Direito de Nascer, em 1951, na Nacional, ele experimentou o  auge de sua carreira como radioator na pele de Albertinho Limonta, em O direito de nascer. Ele era adorado pelas fãs.

Eclético e muito criativo, Paulo Gracindo passou da carreira de radioator dramático para comediante. O roteirista Max Nunes criou o quadro Primo rico, primo pobre no programa Balança Mas não cai, na Nacional, em 1953, logo depois da guerra. A direção da rádio escalou Brandão Filho para o papel do rico e Paulo Gracindo para o do pobre. Mas eis que os produtores olharam para os dois atores e decidiram trocar. Paulo tinha cara de rico e Brandão cara de pobre. O quadro fez enorme sucesso ao mostrar a arrogância do rico que nunca entendia as necessidades do parente pobre.
Depois voltou para a Tupi onde comandou o programa Rádio Sequência G-3, muito popular, segundo suas próprias palavras.
Paulo Gracindo continuou a fazer sucesso na TV. Quando interpretou o Tucão, bicheiro do Rio de Janeiro, na novela Bandeira Dois, conquistou os cariocas. O numero do túmulo de seu caixão, premiou todos os apostadores do jogo do bicho. O papel mais importante foi Odorico Paragussu, na novela O bem amado. Mas Paulo conseguia enxergar a importância do rádio em relação à TV e, certa vez, ele deu uma importante declaração sobre o rádio.
Seu filho, Gracindo Junior, e seus netos, Gabriel Gracindo, Pedro Gracindo e Daniela Duarte, deram continuidade à carreira de Paulo,  tanto no teatro quanto na TV. Dirigiu um filme sobre a vida de Paulo Gracindo, mostrando todo seu talento. Morreu aos 84 anos, em 1995.  Para o público, a sensação que se tinha, é que ele se jogava inteiro nos papeis. O público soube reconhecer esse talento.

https://www.youtube.com/watch?v=YiQMuvAd-lk
Ave Maria https://www.youtube.com/watch?v=cKkfCEDbMsI

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