segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Quatro Ases e Um Curinga


Vozes afinadas e bonitas: os Quatro Ases e um Coringa fizeram muito sucesso




Na Era de Ouro do rádio brasileiro, anos 40, os conjuntos vocais faziam o maior sucesso. Hoje vamos falar de um deles: os Quatro Ases e Um Curinga. Os irmãos cearenses Evenor Pontes de Medeiros (1915/ 2002), que era violonista e compositor; José Pontes de Medeiros (1921/ 2005), que era violonista e cantor e Permínio Pontes de Medeiros (*1919), gaitista e cantor, estudavam no Rio de Janeiro. Nos intervalos das aulas, eles gostavam de cantar junto com o amigo André Vieira, o Melé. Nas férias de 1940, o quarteto foi passar férias em Fortaleza e lá foram incentivados por João Dumar, proprietário da Ceará Rádio Clube. 
    O quarteto ganhou mais um componente: o violonista Esdras Guimarães, o Pijuca e assim se apresentou na estação de rádio com o nome de Bando Cearense. Depois, usaram o nome de Quatro Ases e Um Melé, que quer dizer coringa, no Nordeste. Quando voltaram ao Rio, os cantores foram procurar o famoso radialista César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga. Ladeira, grande inovador do rádio, amigo de muitos artistas, inclusive de Carmem Miranda, gostou muito das vozes do grupo e convidou-os para o horário nobre de sua emissora. Por sugestão dele, o grupo mudou o nome para Quatro Ases e Um Curinga.
     Ao lado do grupo Anjos do Inferno, os Quatro Ases e Um Curinga formaram o conjunto de maior sucesso do rádio brasileiro, principalmente nos anos 1940. Eles gravaram o primeiro disco na Odeon, acompanhando Dircinha Batista. Muito famosa na época, a cantora interpretou os sambas Ela disse que dá (Assis Valente) e Costela de cera (Linda Batista).
     Nessa época os Quatro Ases já estavam na Rádio Tupi. Infelizmente, não encontrei essas duas músicas. Por isso, ouça um trecho de Boneca de pano, de 1950.
     Também na Odeon, o grupo gravou o primeiro disco solo: a marcha Os dois errados (Álvaro Nunes, Estanislau Silva e Nelson Trigueiro) e o samba Dora, meu amor (Curinga e Constantino Silva). Em 1942, obtiveram o primeiro grande sucesso com a marcha Viva quem tem bigode (David Nasser e Rubens Soares) e foram contratados para atuarem no Cassino Copacabana. No cassino, trabalharam por quatro anos, até que, em 1946, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, foi decretado o fechamento dos cassinos. No mesmo ano, participaram do filme Astros em desfile, de José Carlos Burle. Ouça um trecho de Viva quem tem bigode. Quem tem cavanhaque é bode, de David Nasser e Rubens Soares, 1942.
      Os Quatro Ases e um Coringa trabalharam  também na Rádio Nacional, contratados pelo diretor Victor Costa. Na principal emissora do país, eles expandiram as atividades. Dramatizavam histórias ao lado de atores profissionais, interpretavam a música de abertura do programa que fez o maior sucesso na Rádio Nacional: o Programa César de Alencar.  Composta por Haroldo Barbosa, o grupo animava a plateia e o público de casa. Um sucesso absoluto. Ouça a abertura Quatro ases e um curinga. 
     Os Quatro Ases e um Coringa  participaram também de outro famoso programa de auditório. Um milhão de melodias era apresentado por Paulo Gracindo e dirigido pelo maestro Radamés Gnattali. Outro estrondoso sucesso dos Quatro Ases e que marcou a MPB foi interpretar a música Baião, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. O gênero musical nordestino desconhecido passou a ser tocado em todo o país
     Outros curingas entraram no grupo a partir de 1950: Jorginho do Pandeiro, Nilo Falcão e, por último, Miltinho.  Depois de se apresentarem nos sucessos, viram a carreira entrar em decadência depois da proibição do jogo no Brasil, em 1946, e depois do cancelamento do contrato com a Nacional. Em 20 anos de carreira, gravaram 100 discos em 78 rpm, sendo 65 na Odeon, 33 na RCA Victor e dois na Marajoara, e participaram de seis filmes. Vamos terminar com o Barão das Cabrochas, de Bide e Marla, de 1946.





   

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