Vozes afinadas e bonitas: os Quatro Ases e um Coringa fizeram muito sucesso |
Na Era de Ouro do rádio brasileiro, anos 40, os
conjuntos vocais faziam o maior sucesso. Hoje vamos falar de um deles: os Quatro Ases e Um Curinga. Os irmãos cearenses
Evenor Pontes de Medeiros (1915/ 2002), que era violonista e compositor; José Pontes de Medeiros (1921/
2005), que era violonista e cantor e Permínio Pontes de Medeiros
(*1919), gaitista e
cantor, estudavam no Rio de Janeiro. Nos intervalos das aulas, eles gostavam de
cantar junto com o amigo André Vieira, o Melé. Nas férias de 1940, o quarteto
foi passar férias em Fortaleza e lá foram incentivados por João Dumar,
proprietário da Ceará Rádio Clube.
O quarteto ganhou mais um componente:
o violonista Esdras Guimarães, o Pijuca e assim se apresentou na estação de
rádio com o nome de Bando Cearense.
Depois, usaram o nome de Quatro
Ases e Um Melé, que quer dizer coringa, no Nordeste. Quando voltaram ao
Rio, os cantores foram procurar o famoso radialista César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga. Ladeira, grande inovador do
rádio, amigo de muitos artistas, inclusive de Carmem Miranda, gostou muito das
vozes do grupo e convidou-os para o horário nobre de sua emissora. Por
sugestão dele, o grupo mudou o nome para Quatro Ases e Um Curinga.
Ao lado do grupo Anjos do Inferno, os Quatro Ases e Um Curinga formaram o conjunto de maior sucesso do
rádio brasileiro, principalmente nos anos 1940. Eles gravaram o primeiro disco
na Odeon, acompanhando Dircinha Batista. Muito famosa na época, a cantora
interpretou os sambas Ela disse que dá (Assis Valente) e Costela de cera (Linda Batista).
Nessa época os Quatro Ases
já estavam na Rádio Tupi. Infelizmente, não encontrei essas duas músicas. Por
isso, ouça um trecho de Boneca de pano,
de 1950.
Também na Odeon, o grupo
gravou o primeiro disco solo: a marcha Os dois errados (Álvaro
Nunes, Estanislau Silva e Nelson Trigueiro) e o samba Dora, meu amor (Curinga
e Constantino Silva). Em 1942, obtiveram o primeiro grande sucesso com a
marcha Viva quem tem bigode (David Nasser e Rubens Soares) e foram contratados para
atuarem no Cassino Copacabana. No cassino, trabalharam por
quatro anos, até que, em 1946, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, foi decretado o fechamento dos
cassinos. No mesmo ano, participaram do filme Astros em desfile,
de José Carlos Burle. Ouça um trecho de Viva quem
tem bigode. Quem tem cavanhaque é bode, de David Nasser e Rubens Soares,
1942.
Os Quatro Ases e um Coringa trabalharam também na Rádio Nacional, contratados
pelo diretor Victor Costa. Na principal emissora do país, eles expandiram as
atividades. Dramatizavam histórias ao lado de atores profissionais,
interpretavam a música de abertura do programa que fez o maior sucesso na Rádio
Nacional: o Programa César de Alencar. Composta por Haroldo Barbosa, o grupo animava
a plateia e o público de casa. Um sucesso absoluto. Ouça a abertura Quatro ases
e um curinga.
Os Quatro
Ases e um Coringa participaram
também de outro famoso programa de auditório. Um milhão de melodias era apresentado por Paulo Gracindo e dirigido pelo maestro Radamés Gnattali. Outro estrondoso sucesso dos
Quatro Ases e que marcou a MPB foi interpretar a música Baião, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. O gênero musical nordestino
desconhecido passou a ser tocado em todo o país
Outros curingas entraram
no grupo a partir de 1950: Jorginho do Pandeiro, Nilo Falcão e, por último,
Miltinho. Depois de se apresentarem nos
sucessos, viram a carreira entrar em decadência depois da proibição do jogo no
Brasil, em 1946, e depois do cancelamento do contrato com a Nacional. Em 20
anos de carreira, gravaram 100 discos em 78 rpm, sendo 65 na Odeon, 33 na
RCA Victor e dois na Marajoara, e participaram de seis filmes. Vamos terminar
com o Barão das Cabrochas, de Bide e
Marla, de 1946.
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