sexta-feira, 24 de julho de 2015

Os famosos jingles do rádio



Rádio Blog  

 Rose Esquenazi




      Já falamos aqui no seu programa sobre o primeiro jingle do rádio brasileiro: o que estreou no Programa do Casé, na Rádio Philips, em 1932, de autoria de Nássara. Como quis agradar o português, dono da padaria, Nássara, que trabalhava com o Casé, sugeriu um fado. Não existia a ideia ainda que se podia fazer jingles, ou mesmo, o que era jingle. Tanto que eles se referiam aos reclames. Fez tanto sucesso, que muitos cientes foram até o escritório do Adhemar Casé para pedir musiquinhas para os seus produtos e serviços. Hoje, vamos contar e mostrar um pouco dos jingles históricos, dos anos 30, 40 e 50. Já começo agradecendo a coletânea feita pelo locutor Fábio Pirajá, que tem uma página de muito sucesso na internet: a www.locutor.info, que já teve mais de um milhão de acessos.

      Mas eu vou contar a história da propaganda, aula que costumava dar na PUC, na cadeira de História do Rádio e da TV no Brasil.  Os primeiros anúncios no Rio começam em 1821, com a inauguração do Diário do Rio de Janeiro, um jornal de anúncios. Segundo o livro Propaganda Brasileira, da ESPM, no artigo de Ricardo Ramos, outros jornais começam a lançar anúncios, alguns absurdos como esse aqui: “Paga-se bem. Precisa-se de uma escrava que saiba engomar – coser – e tratar crianças. Quem quiser alugal-a dirija-se para tratar à loja da rua Direita n.18”. Rua Direira, para quem não sabe, é a Rua Primeira de Março, hoje. Muitas revistas e na[uncios depois: de Farinha Lactea, muitos medicamentos  , choperias, como o Bar Adolf e dentifrício e talco Colgate, eis que surge a primeira agência, de 1913, a paulista Castaldi&Bennaton, que se transformou em A Eclética.
 No Rio, uma das primeiras foi a J.W.Thompson, que veio dos Estados Unidos e, lá, tinha o nome de Ayer&Son. Estávamos no ano de 1929.

      A chegada do rádio no Brasil foi em 1923, com a Rádio Sociedade, hoje Rádio MEC.. Roquette-Pinto fazia a rádio educativa e todas as despesas eram divididas por ele e seus sócios, todos da Academia de Ciências. Depois, veio a Rádio Club do Brasil. As duas no Rio de Janeiro, e muitas outras começam a se espalhar no país. Mas os anúncios eram proibidos e só foram liberados a partir de 1932, a partir de um decreto do então deputado Getúlio Vargas.

     Os primeiros jingles se perderam, não havia gravadores nem discos para guarda-los. Vamos ouvir alguns dos anos 40, que já foram gravados em discos e enviados para as emissoras de rádio, que não paravam de ser inauguradas em todas as cidades. O jingle se manteve fiel a sua fórmula: rápido, objetivo e com a missão de grudar nos ouvidos do público.  É bom dizer que eram muito explícitos e usavam palavras e expressões que ficaram démodées.
Por exemplo, o dentifrício Eucalol tirava o amarelo dos dentes. E as Pílulas de vida do Dr.Ross curava quem sofria do fígado e não sabia.

      Noel Rosa improvisava usando versinhos de suas músicas para anunciar a Casa Dragão, que vendia louça, cristais e panelas na Rua Larga. A loja ainda está lá, mas foi reforçada recentemente e perdeu toda a sua história e charme.
Vamos ouvir os primeiros jingles?

      Alka Seltzer, Brilhantina Glostora, Loção Brilhante, Melhoral.

     Nos anos 30, segundo um texto escrito por Itanel Bastos de Quadros Junior, da Universidade Federal do Paraná para a Intercom, “os profissionais americanos vão transformar o trabalho, quase empírico que se fazia em publicidade no Brasil, ao introduzir uma primeira geração de publicitários brasileiros na verdadeira racionalização da produção realizada nas agências de propaganda. Em 1938, a agência Mc Cann-Erickson instala uma filial no Brasil para atender a conta de publicidade das geladeiras Frigidaire, fabricadas nos Estados Unidos pela GeneralMotors”.

     Jingle [djingou] é um termo da língua inglesa que se refere a uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração, a fim de ser lembrado com facilidade. É uma música feita exclusivamente para um produto, empresa ou político.1 É, geralmente, uma peça de áudio ou vídeo utilizada por emissoras de rádio ou tevê para identificação da marca, canal ou frequência. Pode ser falada ou cantada. No Brasil, o jingle é também conhecido como vinheta.

     Um jingle é um slogan memorizável que adota, em sua letra, preferencialmente o viés emotivo, com rimas para facilitar a memorização e palavras do universo do produto e de seu público. Em relação à música, é feito com uma melodia cativante, que leva em conta o imaginário auditivo da população e o contexto cultural da época. Sua transmissão normalmente ocorre nos rádios e, algumas vezes, em comerciais de televisão. Um jingle eficiente é feito para "prender" na memória das pessoas, por isso é tão comum que as pessoas se lembrem de jingles que não são mais transmitidos há décadas.

     O primeiro jingle foi produzido em 1926, nos Estados Unidos, para um cereal matinal chamado Wheaties, cujo slogan principal era "Para um café da manhã de campeões". O auge do jingle foi na década de 1950, nos Estados Unidos, na época do boom econômico. Era usado em diversos produtos, como cereais matinais, doces, tabaco, bebidas alcoólicas, carros e produtos de higiene pessoal.
A propaganda já existia em algumas emissoras de rádio no Brasil, na forma de merchandising, sem formato e frequência definidos.
     Coca-Cola, a pausa que refresca foi um dos anúncios que frequentaram as revistas e também as rádios brasileios. Nesse momento, há grande influência americana, que estava mais desenvolvido na ideia de vender produtos. Algumas peças vinham prontas e eram apenas traduzidas aqui. Mas era preciso ter um sotaque nacional, assim, muitos redatores importantes passaram a produzir os textos dos anúncios nos rádios brasileiros, além dos que trabalhavam a imprensa.
No rádio, havia o filão de patrocinar programas: novelas, seriados e até noticiários. Os nomes dos produtos estavam no título: Por exemplo, a Novela Quaker, na Rádio Tupi, ia ao ar às segundas, quartas e sextas, às 17h, na Rádio Tupi, patrocinada é claro pela Aveia Quaker.  Na lata, o texto ainda estava grafado em inglês: Quaker Quick Cooking.
Outros exemplos: Gilette patrocinava os programas masculinos, como O Sombra.  

     Angela Maria fazia uma lavagem cerebral das ouvintes ao anunciar o Cillion. Para algumas ouvintes, o produto dava uma alergia danada e, às vezes, fazia cair as pestanas, os cílios de antigamente.

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