Rose Esquenazi
Hoje vamos falar sobre um
vaqueiro que cantava como um caubói e mesmo assim conquistava o público
radiofônico. É melhor dizer: vamos nos lembrar de um músico popular que fingia
ser vaqueiro e atraía muitos fãs com o seu canto. Entre os admiradores estão Roberto
e Erasmo Carlos. O Rei Roberto, quando era criança, adorava Bob Nelson, o nosso
caubói dos trópicos.
A história de Nelson Roberto
Perez começou em Campinas, São Paulo. Ainda rapazinho, depois de assistir ao
filme Idílio nos Alpes, ele decidiu imitar um tipo de música tirolesa,
chamada também de vodel. O personagem
do filme era apaixonado por uma moça dos Alpes suíços e, com a música dos cuidadores
de ovelhas, conquistou a mocinha.
Depois do filme, Bob e um amigo
passaram a cantar para as meninas da
cidade que faziam footing na calçada.
Alguém sabe o que é footing? É claro
que elas gostaram da paquera. Tinham também assistido ao filme de Irving
Cummings, de 1939!
Nelson Roberto - o futuro Bob
Nelson, apelido que veio mais tarde - nasceu em 12 de setembro de 1918, em
Campinas. Em 1940, gravou Ó, Suzana, música
folclórica americana de 1847, talvez da época da conquista do ouro. O country
americano de Stephen Foster já tinha estourado nos Estados Unidos havia muito
tempo. Bob Nelson fez uma versão para o português. De cara, vendeu 300 mil
discos. Atenção para os versos da versão em português.
Quando fui ao
Alabama
E toquei meu violão
Encontrei uma menina
Num cavalo alazão
E toquei meu violão
Encontrei uma menina
Num cavalo alazão
Ela me pediu
sorrindo
Pra tocar uma canção
Que falasse do Alabama
De um banjo e um violão
Pra tocar uma canção
Que falasse do Alabama
De um banjo e um violão
Oh! Suzana!
Não chores por mim
Pois eu volto pro Alabama
Pra tocar meu banjo assim
Não chores por mim
Pois eu volto pro Alabama
Pra tocar meu banjo assim
Mesmo assim, Bob Nelson ficou popular no Rio de Janeiro.
Apresentava-se no Cassino Atlântico, ao lado da atriz argentina Libertad
Lamarque. Mesmo brilhando na carreira, Bob
pensava no futuro. Formou-se na Escola de
Comércio de Campinas e foi representante da Meias Ethel, empresa que não existe
mais. Contratado pela Rádio Nacional, frequentava diferentes programas com o
grupo musical Os Rancheiros.
Animava festas
e, sinceramente, não consigo imaginar o povo dançando ao som dessas músicas de
vaqueiro. Seria preciso assistir aos filmes que o cantor participou para ter
uma ideia. Entre eles estão: Segura esta
mulher, de 1947; Este mundo é um pandeiro
(1947) e É com este que eu vou, de
1948.
Bob Nelson
acompanhou Carmen Miranda em 1939, quando ela se apresentou em Campinas. A
Pequena Notável estava prestes a ir para os Estados Unidos, onde fez uma
fabulosa carreira. Bob ganhou, em 1943, o prêmio na Rádio Cultura de São Paulo
por sua interpretação de Oh, Susana. Mas
foi na Rádio Tupi ele passou a adotar o nome Bob Nelson.
Durante a
Segunda Guerra Mundial e o tempo da Política da Boa Vizinhança, o poderoso
Assis Chateaubriand, dono do Diários Associados, decidiu homenagear o
comandante norte-americano general Douglas MacArthur com uma apresentação de Bob
Nelson. O general ficou emocionado e, ao final da apresentação de Oh, Suzana, fez questão de abraçar o
cantor. Ele era de Arkansas e gostava muito do ritmo country. Foi Chatô quem
pagou a primeira fantasia de caubói, com direito a chapéu
e revólver de brinquedo, para o cantor.
Nos anos
70, Bob Nelson foi homenageado pelos integrantes da Jovem Guarda. Roberto
Carlos e Erasmo Carlos compuseram para ele A
Lenda de Bob Nelson. O cantor morreu
no dia 28 de agosto de 2009, aos 90 anos. Ele foi pioneiro ao misturar a música
sertaneja do interior com o country norte-americano. Chegou a ser samba-enredo
da Escola de Samba Império Serrano no Carnaval carioca. Morreu no dia 28 de
agosto de 2009, aos 90 anos. Vamos terminar com um trecho de A Lenda de Bob Nelson, com Erasmo
Carlos.
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