segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O caubói que conquistou Roberto Carlos






Rose Esquenazi

          Hoje vamos falar sobre um vaqueiro que cantava como um caubói e mesmo assim conquistava o público radiofônico. É melhor dizer: vamos nos lembrar de um músico popular que fingia ser vaqueiro e atraía muitos fãs com o seu canto. Entre os admiradores estão Roberto e Erasmo Carlos. O Rei Roberto, quando era criança, adorava Bob Nelson, o nosso caubói dos trópicos.
      
      A história de Nelson Roberto Perez começou em Campinas, São Paulo. Ainda rapazinho, depois de assistir ao filme Idílio nos Alpes, ele decidiu imitar um tipo de música tirolesa, chamada também de vodel. O personagem do filme era apaixonado por uma moça dos Alpes suíços e, com a música dos cuidadores de ovelhas, conquistou a mocinha.
Depois do filme, Bob e um amigo passaram a cantar para as meninas da cidade que faziam footing na calçada. Alguém sabe o que é footing? É claro que elas gostaram da paquera. Tinham também assistido ao filme de Irving Cummings, de 1939!

           Nelson Roberto - o futuro Bob Nelson, apelido que veio mais tarde - nasceu em 12 de setembro de 1918, em Campinas. Em 1940, gravou Ó, Suzana, música folclórica americana de 1847, talvez da época da conquista do ouro. O country americano de Stephen Foster já tinha estourado nos Estados Unidos havia muito tempo. Bob Nelson fez uma versão para o português. De cara, vendeu 300 mil discos. Atenção para os versos da versão em português.

Quando fui ao Alabama
E toquei meu violão
Encontrei uma menina
Num cavalo alazão
Ela me pediu sorrindo
Pra tocar uma canção
Que falasse do Alabama
De um banjo e um violão
Oh! Suzana!
Não chores por mim
Pois eu volto pro Alabama
Pra tocar meu banjo assim

        Mesmo assim, Bob Nelson ficou popular no Rio de Janeiro. Apresentava-se no Cassino Atlântico, ao lado da atriz argentina Libertad Lamarque.  Mesmo brilhando na carreira, Bob pensava no futuro. Formou-se na Escola de Comércio de Campinas e foi representante da Meias Ethel, empresa que não existe mais. Contratado pela Rádio Nacional, frequentava diferentes programas com o grupo musical Os Rancheiros.

          Animava festas e, sinceramente, não consigo imaginar o povo dançando ao som dessas músicas de vaqueiro. Seria preciso assistir aos filmes que o cantor participou para ter uma ideia. Entre eles estão: Segura esta mulher, de 1947; Este mundo é um pandeiro (1947) e É com este que eu vou, de 1948. 

           Bob Nelson acompanhou Carmen Miranda em 1939, quando ela se apresentou em Campinas. A Pequena Notável estava prestes a ir para os Estados Unidos, onde fez uma fabulosa carreira. Bob ganhou, em 1943, o prêmio na Rádio Cultura de São Paulo por sua interpretação de Oh, Susana. Mas foi na Rádio Tupi ele passou a adotar o nome Bob Nelson.

         Durante a Segunda Guerra Mundial e o tempo da Política da Boa Vizinhança, o poderoso Assis Chateaubriand, dono do Diários Associados, decidiu homenagear o comandante norte-americano general Douglas MacArthur com uma apresentação de Bob Nelson. O general ficou emocionado e, ao final da apresentação de Oh, Suzana, fez questão de abraçar o cantor. Ele era de Arkansas e gostava muito do ritmo country. Foi Chatô quem pagou a primeira fantasia de caubói, com direito a chapéu e revólver de brinquedo, para o cantor.

      Nos anos 70, Bob Nelson foi homenageado pelos integrantes da Jovem Guarda. Roberto Carlos e Erasmo Carlos compuseram para ele A Lenda de Bob Nelson. O cantor morreu no dia 28 de agosto de 2009, aos 90 anos. Ele foi pioneiro ao misturar a música sertaneja do interior com o country norte-americano. Chegou a ser samba-enredo da Escola de Samba Império Serrano no Carnaval carioca. Morreu no dia 28 de agosto de 2009, aos 90 anos. Vamos terminar com um trecho de A Lenda de Bob Nelson, com Erasmo Carlos.

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